sexta-feira, setembro 18, 2009

Ultra-sentimentalismo

Costumo ser muito intensa em tudo o que faço. Se é pra sofrer, sofro até o fundo bem fundo do poço. Se é pra amar, amo até não saber mais dos limites. (A medida de amar é amar sem medida...) Se me angustio ou tenho dúvidas, fico imersa em pensamentos confusos, exagero as coisas, vou sempre além... E não sei o que é "não entrar de cabeça". Não dá pra estar mais ou menos de um jeito ou de outro... Sei que isso algumas vezes não é saudável. Às vezes, volto à razão, mas tem que ser no meu tempo, do meu jeito, e depois de sentir coisas diversas, confusas, intensas...

Acho que é um pouco por isso que me identifico com um certo tipo de literatura que, por aqui, ficou conhecido como ultra-romantismo. Tudo é tão intenso, profundo, íntimo, tanta coisa... A vida no geral durava, também, nesses tempos, bem menos do que hoje, e talvez por isso tanta intensidade. Álvares de Azevedo (meu favorito da época) morreu com 22 anos.
Conheci poemas de um autor espanhol que me fizeram sentir em casa, por sua expressão intensa de sentimentos, sofrimentos, amor, angústia... que lembra muito o que rolou aqui no Brasil, acredito que não por acaso, na mesma época (na Espanha conhecida como Romanticismo). Pretendo investigar um pouco mais sobre isso, e por enquanto, deixo um poema dele aqui:

No sé lo que he soñado
en la noche pasada.
Triste, muy triste debió ser el sueño,
pues despierto la angustia me duraba.

Noté al incorporarme,
húmeda la almohada,
y por primera vez, sentí, al notarlo,
de un amargo placer henchirse el alma.

Triste cosa es el sueño

que llanto nos arranca,
mas tengo en mi tristeza una alegría...
¡Sé que aún me quedan lágrimas!

(Rima LXVIII, Gustavo Adolfo Becquer)

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