quarta-feira, julho 02, 2008

Ela

Chegou bem mais cedo. Há tempos não conhecia mais aquele lugar ainda com sol.

Passou literalmente atrás de sua casa e ficou imaginando quem estaria lá, àquela hora, fazendo o quê... Sabia bem quem estaria mais cansado (da vida e do dia); quem estaria pensando como seria bom receber uma ligação ou uma mensagem; quem estaria pensando que não queria estar ali daquele jeito, fazendo o de sempre, pensando em quantas outras coisas interessantes haveria para serem feitas, em outros lugares. Provavelmente alguém estaria lendo, buscando outras e mais interessantes preocupações. Todos trabalham muito...

Pensando nisso, cochilou. Acordou perto do destino, esticou as pernas e levantou a cabeça devagar, pois para ela já é bastante violento ter que acordar com a sensação de missão não cumprida.

Finalmente chegou. É tão bom estar fora do maldito horário de pico...
Tem andado imersa em pensamentos mil, e pensa se não existiram pessoas que morreram ou ficaram loucas por tanto pensar. Tem lido muito sobre a loucura, e pensa que ela pode ser como a morte, que "chega" a qualquer pessoa, a qualquer momento, em qualquer lugar, e não há questionamentos ou desejos que desfaçam o ocorrido.

Percebe-se, de repente, distraída e fora do real objetivo de estar lá naquele momento. Porque era mesmo? Imagina quantos julgamentos próprios e alheios aquele ato poderia envolver, e diverte-se pensando nisso. Fecha o caderno, desistindo de tentar expressar aquele "algo" que estava sentindo e parecia tão interessante. Nem fingindo ser outra pessoa teve sucesso nisso.

"Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira..."